Colônia do Sacramento, no Uruguai, foi uma agradável surpresa para nós. Embora soubéssemos da sua importância histórica, passamos por ali meio que sem expectativas e nos surpreendemos muito positivamente com a cidade. Aqui, vou falar um pouco sobre o que faz de Colônia um lugar especial.
Uma breve história de Colônia
Durante 97 anos, Colônia do Sacramento foi palco de 5 cercos, 3 destruições e inúmeras reconstruções, frutos da rivalidade entre os espanhóis da atual Argentina e os luso-brasileiros. Mas a briga pelo estuário do Prata vinha desde o descobrimento, quando espanhóis e portugueses assinaram o Tratado de Tordesilhas para dividir o globo entre as duas potências de então. Segundo o Tratado, de 1494, uma linha imaginária atribuía tudo o que estava a oeste de Cabo Verde aos espanhóis, enquanto tudo o que estava a leste seria de Portugal. Mas imprecisões no Tratado acabaram levando a muitas guerras, inclusive no que tange ao triângulo formado pelos rios Paraná e Uruguai.

Muralha parcialmente reconstruída em Colônia do Sacramento
Quando os espanhóis fundaram Buenos Aires no estuário da Prata em 1535, as notícias da descoberta das minas de prata de Potosí aguçaram a cobiça de Portugal. Visando marcar a fronteira meridional do seu império, possibilitando uma via de acesso à Potosí, a coroa portuguesa, através de Manuel Lobo, fundou Colônia do Santíssimo Sacramento em 1680.
Contudo, a Espanha, juntamente a índios guaranis, tomou a cidade meses depois, saqueando-a e incendiando-a. A cidade só foi devolvida à Portugal após negociações que culminaram com o Tratado Provisional de Lisboa, um ano depois, em 1681.

Catedral de Colônia
Portugal se empenhou em povoar e desenvolver a cidade, porém em 1705 a Espanha voltou a tomar o controle de Colônia. Dez anos depois, com o segundo Tratado de Utrecht, Portugal retomou a cidade, voltando a empenhar esforços para reconstruí-la. Mas em 1735 lá veio a Espanha novamente, cercando Colônia em um batalha que só se encerrou com a assinatura de um armistício dois anos depois.

Farol de Colônia, Uruguai
Entre 1762 e 1763, Colônia oscilou novamente de ocupantes, passando dos portugueses, aos espanhóis e aos portugueses novamente. Passados alguns anos, em 1777, os espanhóis voltaram a invadir Colônia, destruindo novamente boa parte da cidade. Foi só em 1817 que Portugal retomou o controle da região, quando D. João VI incorporou toda a região do Uruguai aos domínios de Portugal no Brasil.
Com a independência do Brasil em 1822, Colônia passou a fazer parte do novo país até a independência da República Oriental do Uruguai, em 1828.
Arquitetura
As batalhas pelas quais passou Colônia do Sacramento deixaram suas marcas também na arquitetura da cidade. No centro histórico, é possível encontrar casas portuguesas, de pedra e com telhados de 2 ou 4 águas e casas espanholas, de tijolos e terraços planos no teto.

Casa da época da colonização portuguesa
O desenho de Colônia também reflete suas origens históricas, se destacando na região por não obedecer o padrão de “tabuleiro de xadrez” características das colônias espanholas no Novo Mundo
Algumas dessas casas viraram museus que mostram como as pessoas viviam durante as ocupações portuguesa e espanhola. São museus pequenos, cuja visitação não leva mais de 30 minutos, e que são um interessante lembrete da história local. Aliás, o centro histórico de Colônia foi tomado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1995.

Colônia do Sacramento, Patrimônio Cultural Mundial da UNESCO
Geografia e Clima
O clima de Colônia é temperado e úmido, com temperaturas médias na casa dos 18° C. O verão costuma ser morno e úmido e o inverno, fresco. Costuma chover durante todo o ano, com ventos fortes e céu parcialmente encoberto. Recomenda-se visitar a cidade entre outubro e abril, mas a visita também vale a pena nos demais meses.

Colônia, às margens do Rio da Prata
Localização
Como já mencionado acima, a localização de Colônia foi o grande motivo de a cidade ser tão disputada. Situada nas margem esquerda do Rio da Prata, fica a apenas 50km de Buenos Aires e a 180km de Montevidéu.

Rio da Prata, Colônia do Sacramento
Para chegar lá, é mais fácil ir por uma dessas cidades, até mesmo para aproveitar a oportunidade de visitá-las também (veja aqui o que fazer em Buenos Aires). De Buenos Aires, a maneira mais prática de chegar até Colônia é atravessando o rio. O trajeto leva de 1h15min a 3h, dependendo da empresa que você utilizar e do quanto estará disposto/a a pagar. De Montevidéu, você pode alugar um carro ou pegar um ônibus. O trajeto leva de 2h a 3h dependendo do meio de transporte escolhido.

Cafés e restaurantes no centro histórico de Colônia
No site Rome2Rio você consegue ver outros tipos de transporte para se chegar até Colônia do Sacramento, com indicações de tempo de percurso e preço. A partir dali, você pode identificar o que funciona melhor para você.
Colônia foi uma adorável parada no Uruguai. Ficamos lá apenas dois dias, mas poderíamos ter ficado três sem problema. Diga-se de passagem, é um destino super legal para se visitar com bebês pequenos. Nós fomos com nosso filho de apenas 4 meses e vimos muitos casais viajando com bebezinhos de colo também.

Viajando com bebê de colo pelo Uruguai
Espero que com este post você se interesse mais por esse destino e o inclua na sua lista de desejos!
Até a próxima!