Queridos/as Viajantes,
o post de hoje nos levará para uma viagem histórica pela Escócia, mais especificamente por sua capital, Edimburgo. Uma das principais atrações dessa cidade é o castelo que leva seu nome e é sobre ele que vamos falar um pouco hoje.
Uma breve, mas complexa história do Castelo de Edimburgo
O Castelo de Edimburgo se situa no topo de um vulcão extinto, chamado de Castle Rock, na cidade de Edimburgo, capital da Escócia. Atuando como guardião da cidade, o castelo e a defesa de Edimburgo e, por consequência, da Escócia, sempre estiveram entrelaçados. A cidade cresceu ao redor do castelo e quem tomasse o controle deste obtinha, assim, o poder sobre a cidade.

Vista do Castelo de Edimburgo
Primórdios
O castelo teve suas origens séculos atrás, quando a tribo celta Votadini (também chamada de Gododdin) construiu uma fortaleza no rochedo vulcânico onde posteriormente o castelo foi construído. Estima-se que essa fortaleza tenha sido construída por volta do ano 600, mas o primeiro rei escocês que fez do rochedo a sua residência foi Malcolm III Canmore, que reinou entre os anos 1058 e 1093.

Figuras icônicas cujas histórias se entrelaçam com a do Castelo
A rainha Margaret, esposa do rei Malcolm, morreu no castelo e foi posteriormente canonizada como Santa Margaret da Escócia. Uma capela foi construída para ela por seu filho, David I, entre 1130 e 1140 no ponto mais alto da colina. A capela ainda existe e é a parte mais antiga do castelo e de toda Escócia.

Capela de St. Margaret
Séculos XIII a XV
Várias das inúmeras batalhas entre ingleses e escoceses tiveram o castelo como palco. Em 1290 a Escócia teve uma crise de sucessão, pois a herdeira do trono era uma menina de 07 anos chamada Margarete, que morreu quando estava a caminho da Escócia para sua coroação. O rei inglês Edward I, se propondo a ajudar a Escócia a encontrar um sucessor, aproveitou-se da situação e em 1296 tomou o castelo. Os ingleses mantiveram o domínio do castelo até 1314, quando o rei escocês Robert I, atacou a fortificação na calada da noite, com apenas 30 homens que escalaram as paredes da colina. Robert I ordenou a destruição das defesas do castelo, a fim de evitar uma nova ocupação inglesa.

Entrada do Castelo de Edimburgo
A despeito da estratégia de Robert I, os ingleses re-capturaram o castelo em 1335, tendo sido reconquistado pelos escoceses em 1341. A reconquista foi liderada por William Douglas (lembra do filme Coração Valente?), cujas tropas, disfarçadas de mercadores trazendo suplementos para o castelo, adentraram a fortificação e, mantendo seu portão aberto, permitiram que cidadãos de Edimburgo entrassem e se unissem aos combatentes para o extermínio dos ingleses.

Castelo de Edimburgo
Com o reinado de David II, o castelo passou por reconstruções que ajudaram a reestabelecer sua força militar. A Torre de David, uma edificação enorme para a época, foi construída nesse período e passou a funcionar como a entrada do castelo. Já no séc. XV, com o estabelecimento de Edimburgo como a capital da Escócia, o rei James III se concentrou em renovar o castelo para torná-lo mais adequado à uma residência real.

Cópia das “Honras da Escócia”
O século seguinte viu o notório castelo assumir um papel ainda mais importante: o de abrigo das “Honras da Escócia”, também conhecidas como joias da coroa escocesa (a coroa, o cetro e a espada). Foi nesse período que o Grande Salão foi finalizado, onde o Rei James IV realizava banquetes e festas.

O Grande Salão do Castelo de Edimburgo
Século XVI a aos dias atuais
As Honras da Escócia foram usadas pela primeira vez juntas na coroação de Mary, Rainha da Escócia, em 1543. Anos depois, em 1566, o palácio foi palco do nascimento de James VI, filho de Mary e futuro Rei da Escócia e Inglaterra, e ainda hoje é possível visitar o cômodo onde ele nasceu. Em 1571, a Rainha Mary da Escócia foi forçada a abdicar, fato que levou seus aliados a montar barricada no castelo para demonstrar seu apoio à ela. Em 1573, a Rainha Elizabeth I destruiu parte do castelo, incluindo a Torre de David, derrotando Mary e seus aliados. A Torre de David foi posteriormente substituída pela bateria de meia lua, onde ainda hoje se pode ver os canhões do castelo.

Um dos canhões da bateria de meia lua
A União das Coroas (Inglaterra e Escócia), sob reinado de James VI (ou James I, da Inglaterra), ocorreu em 1603, levando a corte escocesa a se mudar para a Inglaterra. O castelo passou a ser pouco visitado pelo monarca, mantendo uma função primordialmente militar. A partir da década de 1650, a função militar da fortificação cresceu em significância, quando Oliver Cromwell – líder da Revolução Puritana que depôs o Rei Charles I e instituiu a República na Grã Bretanha – executou Charles I e liderou uma invasão da Escócia. Aliás, Charles I foi o último rei a dormir no castelo, em 1633.

Uma das áreas internas do Castelo
No séc. XVII, o castelo adquiriu muitas das estruturas que hoje são encontradas por quem o visita. Elas foram resultados de instalações militares advindas da restauração de Charles II como Rei da Inglaterra e Escócia em 1660, após a Guerra Civil Inglesa. Entre 1689 e 1745, após a restauração da monarquia, rebeldes jacobitas tentaram, sem sucesso, tomar o castelo por diversas vezes na tentativa de derrotar a Revolução Gloriosa, que depôs o Rei James VII da Escócia (ou James II da Inglaterra).

Uma das atuais torres do Castelo
A partir de 1757, o castelo passou a ser usado como prisão, para onde os vários prisioneiros militares das guerras da qual a Inglaterra fez parte eram enviados. E em 1927, parte do castelo foi transformada no Memorial de Guerra Nacional da Escócia. Hoje, é o monumento mais visitado de toda a Escócia.
Curiosidades
A conflituosa história do castelo também traz alguns fatos bastante curiosos. Você conhecia algumas dessas curiosidades?

As várias espadas expostas no Grande Salão
– O castelo é ainda hoje o lugar mais sitiado de toda a Grã Bretanha.
– O Grande Salão, construído por James IV para realizar banquetes e eventos de estado, contava com um “acessório” um tanto inusitado: uma pequena janela que possibilitava ao monarca escutar as conversas de sua corte. Conta-se que quando Mikhail Gorbachev estava prestes a visitar a Escócia em 1984, a KGB ordenou que a janela fosse fechada para evitar que suas conversas fossem interceptadas.
– Em 1715, forças jacobitas falharam ao capturar o castelo porque a escada que eles levaram para escalar as muralhas eram muito baixas. Com a união de 1707, que consolidou a Inglaterra e a Escócia sob uma coroa, as Honras da Coroa foram trancadas em um baú e esquecidas por um século. Anos depois, na 2a Guerra Mundial, as Honras foram escondidas dentro de uma privada medieval em uma das torres do castelo.
– A partir de 1861, um canhão passou a ser disparado todos os dias, às 13h, para fazer com que os navios que passassem pelo estuário do Rio Forth ajustassem seus cronômetros. O canhão ainda é disparado nos dias de hoje, exceto aos domingos, sexta-feira santa e natal.
– Juntamente às Honras da Escócia, fica a Pedra do Destino, objeto de disputa entre os dois países durante séculos. A pedra é usada para a coroação de monarcas britânicos desde 1296, quando foi capturada por Edward I e adicionada ao seu trono em Westminster Abbey. Em 1950, ela foi furtada por quatro estudantes escoceses que a colocaram em Arbroath Abbey, o local onde a declaração de independência da Escócia (Declaração de Arbroath) foi escrita em 1320. A pedra foi devolvida à Londres e em 1996 ela foi enviada de volta ao Castelo de Edimburgo. Ali, ela aguarda seu retorno à Inglaterra para a coroação do próximo monarca britânico.

Inscrição sobre a Pedra do Destino
Como visitar o Castelo de Edimburgo
O castelo fica no coração da capital escocesa e, portanto, é de super fácil acesso. Ele abre diariamente às 09h30min, mas seu horário de encerramento depende da época do ano. Para visitá-lo, você deve reservar de 2h a 3h. Vale lembrar que o Museu da Realeza Escocesa, o Memorial de Guerra e o Museu de Guerra podem ter horários diferenciados, dependendo do dia. Portanto, vale checar o site do castelo antes de planejar sua visita. No site você também consegue comprar os ingressos online, que custam £ 17,50 para adultos, £ 14,00 para idosos e desempregados e £ 10,50 para crianças de 5 a 15 anos. Esses preços ficam um pouco mais caros se você comprar no próprio castelo, mas a diferença, em média, é de £ 2,00. Importante saber, também, que os bilhetes especificam uma hora de entrada, que deve ser respeitada.
Em termos de instalações, no castelo há estacionamento (que custa £10 para 5h), visitas guiadas grátis e áudio-guias (que são pagos), lojas de souvenirs, cafés e banheiros.
E então, se animou a conhecer um dos maiores símbolos da história escocesa?