O post de hoje vai para a Roma antiga, mais especificamente Pompeia, na região de Campania no sul da Itália. Aqui, você vai encontrar um guia para visitar esta incrível cidade cuja violenta destruição no ano 79 d.C. possibilitou que hoje conheçamos como a vida era nos tempos antigos.
O que era Pompeia?
Antes de falarmos sobre o nosso guia para visitar Pompeia, vamos relembrar o que era Pompeia. Situada perto de Nápoles, no sul da Itália, Pompeia foi fundada por volta do séc. VIII a.C. por povos da Itália central chamados Oscos. Tempos depois, foi conquistada pelos romanos durante a Guerra Social de 91 a 88 a.C., tornando-se uma colônia romana. Localizada na base do potente vulcão Vesúvio em uma região sísmica, os habitantes de Pompeia estavam acostumados com pequenos terremotos.
Vista do Monte Vesúvio de Nápoles, sul da Itália
Contudo, no ano 62 d.C. um grande terremoto causou destruição em Pompeia e nas demais cidades situadas nos arredores do Vesúvio. Abalos sísmicos de menor intensidade dificultaram a reconstrução da cidade e em 79 d.C. a mais famosa e catastrófica erupção vulcânica da história da Europa levou à sua completa destruição.
No ano fatídico, o vulcão expeliu nuvens de gases, cinzas e fragmentos de rocha em uma quantia de 1,5 milhões de toneladas por segundo, liberando 100.000 vezes mais energia termal que os bombardeios de Hiroshima-Nagasaki. A erupção durou dois dias e o resultado foi a completa destruição das comunidades próximas ao vulcão, que acabaram fossilizadas, encobertas por um total de 25m de cinzas e fragmentos de rochas.
Pompeia acabou esquecida com o passar do tempo. Foi apenas em 1592 que a primeira parte da cidade foi desenterrada, quando a construção de um canal subterrâneo acidentalmente desvendou muros antigos com gravuras e pinturas. Em 1738, operários que estavam construindo um palácio de verão para o então rei de Nápoles, Carlos Bourbon, escavaram parte de Herculaneum, outra cidade soterrada pela erupção de 79 d.C. Um engenheiro militar espanhol chamado Rocque Joaquin de Alcubierre realizou mais escavações na região, descobrindo Pompeia em 1748. Uma série de escavações foi realizada nos séculos seguintes e hoje é possível visitar grande parte do que foi a cidade no período de Roma Antiga.
A versão de um fogão na Roma Antiga
Turismo em Pompeia
Hoje, Pompeia é o sítio arqueológico mais visitado do mundo. Em 1997, tanto Pompeia como Herculaneum e Torre Annunziata foram tombadas como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO por oferecem um completo e vívido retrato de como era a sociedade e a vida cotidiana da Roma Antiga.
Vista do sítio arqueológico a partir de Nápoles
O sítio arqueológico recebe cerca de 2,5 milhões de visitantes ao ano. Isso vem a um preço: em 2010, uma casa de pedra que era usada para treinar gladiadores acabou desmoronando e em 2014 outras 3 casas desmoronaram. Há um movimento para fechar o sítio para visitação, o que seria uma grande perda para o turismo. Por isso, é importante que quem visite o lugar o faça com consciência e respeito: nada de ficar encostando nas construções, tirando pedaços e danificando as ruínas. Aliás, uma conduta respeitosa deve ser adotada em qualquer lugar que se visite! Saiba mais no post que publiquei sobre como se comportar ao viajar.
Um guia por Pompeia
Pompeia é de fato impressionante. A conservação da cidade e até de seus habitantes, cujos restos mortais foram fossilizados pelas cinzas do Vesúvio, proporcionam uma viagem no tempo de proporções espetaculares! Ali, é possível ver como viviam as pessoas, como eram as estruturas das casas de todas as classes sociais e como funcionavam o comércio, as práticas religiosas e a política.
Para visitar Pompeia e absorver toda a sua história, é recomendável contratar o tour oferecido pelo próprio parque, pois as ruínas são grandes e a sinalização não é tão clara. O tour dura cerca de 2h e você pode aproveitar o restante do seu tempo para explorar o lugar por conta própria. Nós visitamos o sítio arqueológico em uma manhã, mas você pode facilmente passar o dia todo lá.
Se você optar por uma visita auto-guiada, como nós fizemos, é imprescindível ter um mapa. Em tese, o parque oferece mapas gratuitamente na entrada, mas esses mapas podem ser escassos. Então, peça o seu ao comprar o ingresso. É super recomendável, também, contratar ao menos um áudio-guia no parque ou baixar algum aplicativo que ofereça explicações sobre os principais pontos das ruínas.
A vastidão de Pompeia faz com que você precise selecionar pontos-chave para visitar no sítio arqueológico. Um deles é Fórum, o centro político, religioso e comercial da cidade. Ali ficava o mercado da cidade, a corte, as casas de banho e os templos. Alguns dos lugares que circundam o Fórum são o Templo de Vespasian; um salão onde se vendia lã; e a cúria, onde a prefeitura da época se reunia.
Fórum de Pompeia, Roma Antiga, Itália
Perto do Fórum está o Templo de Apollo, a estrutura mais antiga de Pompeia. O design original etrusco foi alterado pelos gregos e depois pelos romanos com a adição de colunas.
No Antiquário, é possível ver muitos dos artefatos encontrados durante as escavações. Alguns dos itens expostos ali datam de antes da era romana e dão uma ideia da vida cotidiana dos moradores de Pompeia. Ali, também é possível ver os moldes de gesso das vítimas do poderoso vulcão Vesúvio. Ao terem engolido as vítimas e se solidificado ao redor delas, as cinzas do vulcão deixaram vãos no formato das pessoas. Os arqueólogos então preencheram esses vãos com gesso, para retratar as vítimas fossilizadas. Embora sombrio, é impressionante ver as vítimas em suas diferentes posições ao tentarem se salvar da erupção do vulcão.
As vítimas do vulcão Vesúvio
O Teatro Grande era um espaço de entretenimento que acomodava cerca de 5000 espectadores. Ao seu lado, o Teatro Piccolo é um belo exemplo de um teatro romano encoberto usado principalmente para apresentações musicais. À leste do Teatro Piccolo está o Templo de Isis, destruído pelo terremoto de 62 d.C. e completamente restaurado por um então ex-escravo.
Um dos templos de Pompeia, Itália
Os banhos de Estábia, situados na rua denominada Via dell’Abbondanza são os maiores e mais preservados de Pompeia. Nele há piscinas e banhos masculinos e femininos separados por fornos onde a água era aquecida. Cada instalação possui um frigidarium (um banho frio circular); um cômodo para trocar de roupa; um tepidarium (banho morno); e um caldarium (banho quente), mantido por ductos de ar nos chãos e paredes. O complexo possui ainda um ginásio, onde gladiadores costumavam fazer seus treinos.
Banhos termais em Pompeia
Seguindo pela rua Via dell’Abbondanza, você encontra o Anfiteatro, construído nos arredores da cidade. O lugar, que acomodava 12.000 espectadores, é o mais antigo anfiteatro romano do mundo. E era ali que os gladiadores travavam batalhas com animais selvagens para entreter a população local.
Outro lugar de interesse é a Casa dos Vettii, uma das vilas romanas melhor preservadas de Pompeia. Situada à oeste das ruínas, a casa pertenceu a dois irmãos comerciantes e tem alguns dos melhores afrescos de Pompeia. A casa foi renovada após o terremoto de 62 d.C. e foi desenhada para impressionar seus visitantes. Sua estrutura possui uma série de cômodos para entretenimento que rodeiam um amplo jardim central. A casa possui, ainda, fontes e estátuas, que não deixam dúvidas sobre a opulência de seus proprietários.
Alguns dos incríveis afrescos preservados de Pompeia
No lado oposto da Casa dos Vettii há outras casas importantes, como a Casa de Fauno, a maior das villas de Pompeia, e a Casa de Siricus. Na Casa de Fauno, arqueólogos encontraram várias riquezas artísticas, incluindo um mosaico retratando Alexandre, o Grande, e uma estátua de bronze de um fauno (ambos expostos no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles). Perto dali, há ainda uma padaria, que contém a inscrição “Salve lucrum”, um chamamento ao lucro constante. Na Casa do Poeta Trágico é possível ver alguns dos mosaicos mais famosos de Pompeia, que retratam um cachorro amarrado com o aviso Cave canem (cuidado com o cão).
Casa de Fauno, Pompeia
Na Villa dos Mistérios, fora da principal área de escavação, é possível ver as mais incríveis pinturas antigas, preservadas em suas cores originais. Acredita-se que a casa foi convertida em um lugar para cultos dionisíacos.
A Casa de Menander também pertencia a um rico comerciante que anunciava seu status logo na entrada de sua residência. Pilares, um átrio com um templo e uma piscina compõem a arquitetura da casa. Os quartos são decorados com cenas da Ilíada, de Homero. Adjacente à casa está uma outra residência chamada Casa dos Amantes. Ali, há uma emblemática inscrição que diz que “amantes, como as abelhas, desejam que a vida seja tão doce quanto o mel”. Perto dali, há o Thermopolium, uma taverna repleta de recipientes para bebida, chaleira e fogão.
Em Pompeia é possível também visitar a versão antiga de um bordel. Lupanare Grande era o maior deles e contém 10 pequenos cômodos onde plataformas de tijolo formam o que costumavam ser camas. As pinturas eróticas na parede chamam atenção, mas não mais do que as inscrições feitas pelas próprias prostituas e clientes da época.
Há muitas outras construções interessantes nas ruínas, portanto vá com tempo para explorar com atenção!
Dicas importantes
Para visitar Pompeia, é preciso usar roupas leves e confortáveis e, acima de tudo, sapatos fechados e sem salto. As ruas são irregulares e empoeiradas, por isso se assegure de estar confortável das cabeças aos pés.
Leve também um boné ou chapéu. As ruínas são, em sua maioria, abertas e o sol lá queima forte ainda que você não sinta. O mesmo vale para protetor solar. Além disso, é imprescindível levar uma garrafa d’água. Há fontes espalhadas pelas ruínas e você pode encher sua garrafa sempre que precisar para se manter hidratado/a. Tenha consigo também algum lanche, caso a fome bata repentinamente. Há um pequeno restaurante no centro do parque, mas dizem que ele não é muito confiável. Então, tenha algo para beliscar caso você precise.
Uma das várias fontes de água potável em Pompeia
Se for levar mochila, se assegure de que ela não ultrapasse a medida de 30 x 30 x 15 cm. Qualquer mochila maior que isso não é permitida no parque. Mas ainda que você precise deixar sua mochila para trás, há armários onde você pode guardar seus pertences.
Se prepare bem e aproveite essa fantástica viagem pela história!
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