San Andrés é um dos mais famosos destinos da Colômbia e é fácil entender por que. A ilha é um paraíso caribenho que tem sido cada vez mais procurado por turistas ávidos pelo inacreditável mar de 7 cores. Viajar à San Andrés
Mas ainda que a ilha esteja se tornando um destino crescentemente popular, sua estrutura ainda deixa um pouco a desejar. E pouca gente fala sobre isso. Por essa razão, decidi escrever este post para contar um pouco sobre a experiência que tive em San Andrés.
1) Taxa de turismo
Para viajar à San Andrés, é preciso pagar uma taxa de turismo. Eu tinha lido algo a respeito, mas não sabia que seria tão caro. E nem que levaria tanto tempo para pagar a taxa no aeroporto.
Ao chegarmos no aeroporto para fazer o check in, fomos informados pela companhia aérea que teríamos que pegar outra fila para pagar a taxa de turismo. A fila estava bastante grande e andou bem lentamente. Viajar à San Andrés
A taxa custa 109.000 pesos colombianos (cerca de R$ 150,00) por pessoa. Para pagar a taxa, você precisa apresentar o passaporte e preencher uma guia. Você deve manter essa guia consigo o tempo todo, pois ela será solicitada tanto na entrada, como na saída de San Andrés. O pagamento só pode ser feito com cartão de crédito ou dinheiro em espécie.
Portanto, chegue com antecedência no aeroporto para não correr risco de perder o embarque. E se certifique que você tem dinheiro suficiente ou cartão de crédito internacional para pagar o valor da taxa.
2) Hospedagem
Há bastante opção de hospedagem em San Andrés. Mas por se tratar de uma ilha, tudo lá costuma ser um pouco mais caro do que em Cartagena, por exemplo. Viajar à San Andrés
Como de costume, eu acabei optando por um airbnb cuja diária custou cerca de R$ 605,00. Considerando que o apartamento hospedava tranquilamente 4 pessoas, o valor até que não é tão alto. Mas o apartamento ficava a 20 minutos a pé da praia. Se você quiser um lugar mais central, os preços são consideravelmente mais altos. Além disso, comparando com outros destinos na Colômbia, a hospedagem em San Andrés é um pouco mais cara sim.
Outra questão foi que embora o apartamento fosse muito bom, não tinha muita segurança e também não tinha wifi que funcionasse bem. Soubemos que wifi é um problema meio que geral da ilha, mas causou alguns transtornos.
3) Passeios Turísticos
Os passeios foram o maior motivo de decepção durante a estada em San Andrés. Isso porque percebemos que San Andrés é um lugar onde, por todos os lados, as pessoas tentam tirar vantagens dos turistas. Viajar à San Andrés
Fizemos dois tours na ilha e nas duas ocasiões nos passaram informações deliberadamente erradas. Também nas duas ocasiões percebemos que a ilha não possui uma estrutura muito boa para turismo, ao menos não para quem quer fazer passeios financeiramente acessíveis.
O primeiro tour que fizemos foi ao redor da ilha. Um vendedor de uma das várias empresas de turismo nos abordou na praia oferecendo o passeio. Ele nos disse que se comprássemos o pacote com ele, teríamos uma van só para nós, com um guia particular. Ele disse, ainda, que o tour faria algumas paradas em lugares conhecidos, mas que poderíamos parar em qualquer outro lugar que quiséssemos.
O tour custou 40.000 pesos colombianos (cerca de R$ 52,00) por pessoa. Entramos em uma van velha e logo vimos que o “guia” que nos foi prometido era o próprio motorista. Percebemos, também, que além do valor pago, teríamos que pagar entrada em todas as paradas que o tour faria.
A primeira parada era um lugar chamado El Pueblito Isleño San Andrés, que é como uma reprodução de como as pessoas viviam na ilha desde a época da colonização. Para entrar teríamos que pagar 15.000 pesos colombianos (cerca de R$ 20,00) para ver uma parte do lugar e 20.000 pesos (cerca de R$ 26,00) para vermos tudo. Mas por fora vimos que não era um lugar muito conservado e que não tinha muitos atrativos e por isso decidimos não parar lá.
O motorista/guia turístico então nos levou para a famosa Piscinita, um ponto muito bonito da ilha para fazer snorkel. A entrada para a Piscinita era 5.000 pesos (cerca de R$ 6,50) e esse foi o ponto alto do tour, pois o lugar era mesmo muito bonito. Só que o motorista só aceitou que ficássemos ali por 1h, portanto não pudemos aproveitar tanto quanto queríamos.
Em seguida, seguimos para o tal Hoyo Soplador, que nada mais é que um buraco na rocha que com a movimentação da água do mar sopra jatos de água super altos. Ali, também, criou-se um núcleo para explorar turistas e logo que descemos da van já fomos abordados por pessoas querendo nos vender bebidas a preços exorbitantes. Viajar à San Andrés
Não ficamos muito tempo ali e pedimos para o motorista nos levar para a praia San Luis. Ele, contudo, se recusou. Disse que o tour era aquele e quando reclamamos, dizendo que o vendedor nos garantiu que poderíamos parar em outros lugares, ele deu de ombros. Ficamos super frustrados porque se soubéssemos que seria assim, teríamos alugado um carrinho de golf, que sairia pelo mesmo preço, mas nos permitiria ir para onde quiséssemos. Portanto, é mais negócio alugar um carrinho por um dia (custa 160.000 pesos colombianos ou R$ 208,00, mais combustível) e fazer os passeios por conta. Viajar à San Andrés
No dia seguinte, fizemos um tour para a ilha Johnny Cay. Esse tour também nos foi vendido por uma mulher que nos abordou na praia (esse é o modus operandi do pessoal em San Andrés), que nos mostrou fotos e nos prometeu um passeio de LANCHA com 4 paradas: a ilha Johnny Cay, uma parada num local para vermos estrelas do mar, uma parada para nadarmos com raias e um passeio pelo manguezal de San Andrés. Viajar à San Andrés
Esse tour custou 35.000 pesos colombianos (cerca de R$ 45,00) por pessoa e também foi uma decepção. Começou quando a empresa foi nos buscar na nossa hospedagem, com uma van assustadoramente velha, suja e sem ar condicionado. A van nos deixou na marina e lá veio a segunda decepção: um mundo de gente amontoada, tentando entender o que fazer, com quem falar e para onde ir.
A nossa vendedora nos encaminhou para um dos vários stands de passeio, sem nos dar muita explicação, e foi embora. As atendentes do stand nos deram uma pulseira e nos mandaram esperar. Vimos barcos chegarem e saírem e nada de nos dizerem em qual deveríamos entrar. Depois de uma hora de espera, chegou o nosso barco. Isso mesmo, ao invés da lancha prometida, fomos colocados em um BARCO de pesca, adaptado com bancos de metal.
Preocupada com a situação, perguntei quantas pessoas cabiam no barco. As vendedoras, desinteressadas, nos disseram que a capacidade máxima era de 22 pessoas. Mas nosso grupo tinha aproximadamente 100 pessoas e fomos todos amontoados no barco com coletes salva-vidas que provavelmente nunca foram lavados na vida. Viajar à San Andrés
Ao chegarmos na nossa primeira parada, a ilha Johnny Cay, fomos recebidos por uma guia/garçonete. Uma figura um tanto antipática que de cara nos falou que estávamos com a pulseira que nos dava direito a apenas uma parada, ao invés do pacote de 4 pelo qual havíamos pago. Precisamos ficar 40 minutos parados esperando que a situação se resolvesse antes de podermos aproveitar a ilha. Viajar à San Andrés
A ilha é realmente lindíssima e acho que visitá-la vale a pena. Mas não é necessário comprar um pacote para isso. Basta pagar uma passagem em um barco, pela metade do preço, para visitar a ilha por conta. No centro de San Andrés há cartazes com empresas que oferecem apenas esse traslado até Johnny Cay. Viajar à San Andrés
Na ilha há banheiros e restaurante, tudo a um preço, claro. O almoço mais barato em Johnny Cay, um prato de peixe com arroz e banana, custa 35.000 pesos colombianos (cerca de R$ 45,00) por pessoa. Além disso, caso você queira fazer snorkel, terá que pagar para alugar os equipamentos.
Ficamos em Johnny Cay umas 3h e seguimos para as outras paradas. Mas não sem muita confusão e desorganização. Sem qualquer informação clara, nos direcionaram para um barco com outro mundo de gente furando fila e empurrando uns aos outros. De novo, o barco estava super lotado e as pessoas se cotovelavam e empurravam para tentar pegar um lugar espremido sob o sol escaldante.
As próximas paradas foram bastante sem graça. O barco parou em alguns bancos de areia, muito bonitos, mas que não tinham muitos peixes e estrelas do mar, como nos haviam prometido. Pareciam, de verdade, piscinas cristalinas, mas sem muita coisa no fundo. Ficamos cerca de 20 minutos ali e seguimos para outro lugar igual, para nadar com 2 ou 3 raias. A parada final, que seria no manguezal, foi apenas uma passada rápida de barco pelo local.
Mesmo tendo iniciado o passeio com 1h de atraso, voltamos para San Andrés 1h antes do prometido. Foi uma experiência que eu, sinceramente, não recomendo. A sensação de que o tempo todo estão tirando vantagem de você e tentando te passar a perna não é agradável. Para nós, isso acabou tirando muito do encanto da ilha.
4) Assédio de vendedores
Tanto em San Andrés, como em Cartagena, o assédio dos vendedores é constante. E isso torna impossível caminhar livremente por San Andrés e mesmo pelas ilhas ao redor sem ser abordado por um vendedor insistente. Viajar à San Andrés
Há pessoas que não veem problema nisso, mas eu sinceramente me incomodo. Eu sempre busco ser educada com as pessoas e quando sou abordada respondo ao menos com um “não, obrigada”. Infelizmente, o mínimo de atenção, mesmo que para recusar algo, é interpretado pelos vendedores de San Andrés como uma abertura. Por isso, após alguns dias, entendi que a única maneira de lidar com o assédio dos vendedores era ignorá-los. Isso me incomoda porque me sinto mal em ignorar os outros. Mas foi a única maneira que encontramos para lidar com a situação.
5) Clima
San Andrés é quente o ano todo e por isso as variações de tempo se relacionam à chuva e à seca. Os meses mais secos são fevereiro, março e abril. De maio a dezembro a probabilidade de chuva aumenta. Viajar à San Andrés
As chuvas em San Andrés costumam ser fortes e durar pouco. Ainda assim, elas podem causar um pouco de transtorno. Nós pegamos chuva no nosso primeiro dia na ilha e a rua principal que levava à nossa casa ficou bastante alagada, dificultando nosso retorno à pé.
No Pé na Estrada há dicas legais sobre as melhores épocas para viajar à San Andrés. Mais do que as chuvas, o que mais requer atenção é o calor que faz na ilha. Nós fizemos nossa viagem em maio, que já é período de chuva, e estava insuportavelmente quente. Tanto que mesmo evitando ficar muito ao sol e usando protetor constantemente, tivemos queimaduras e até insolação. Por isso, use muito protetor, chapéu, óculos de sol e beba MUITA água durante a sua viagem.
6) Preços de comida e souvenirs
Por ser um lugar altamente turístico, onde todos buscam tirar proveito dos visitantes, os preços em San Andrés costumam ser mais altos que em outras cidades da Colômbia. Portanto, prepare-se para pagar uma média de R$ 45,00 a R$ 50,00 por um prato de comida. Pode parecer pouco, mas quando você está viajando e acaba se alimentando o tempo todo na rua, a conta final acaba ficando alta. Viajar à San Andrés
É preciso também tomar muito cuidado com o lugar onde você come. Isso vale especialmente se você comer carnes e frutos do mar. Eu, meu esposo e meu pai passamos bastante mal no nosso último dia na ilha. Não conseguimos identificar se foi por algo que comemos ou se foi por insolação. Independentemente disso, a ilha tem muita comida de rua e muitos restaurantes que usam ingredientes que não são frescos. Por isso é bom tomar cuidado.
Além disso, evite comprar souvenirs em San Andrés. Não vimos nada com a qualidade muito boa por lá e os preços eram muito mais altos do que em Cartagena, por exemplo.
7) Câmbio
Em San Andrés, só achamos um lugar que trocava reais: o aeroporto. E a conversão estava bastante ruim. Em Cartagena, um real custava 680 pesos colombianos. Em San Andrés, a conversão era um real por 620 pesos colombianos. Portanto, se possível, troque dinheiro antes de ir para San Andrés para não perder muito na conversão. Viajar à San Andrés
Ainda assim…
Mesmo sem ter muita estrutura, San Andrés é um destino incrível que vale muito ser conhecido. A cor do mar é incrível, as praias são verdadeiros paraísos e há restaurantes e hospedagens muito legais na ilha. Viajar à San Andrés
O intuito deste post foi apenas “manejar as expectativas” de quem decide visitar San Andrés. Se eu tivesse encontrado informações claras a respeito da ilha antes de viajar, talvez eu não tivesse ficado tão decepcionada. Portanto, se planeje bem antes de viajar e faça uma excelente viagem!
Para informações adicionais sobre a ilha, visite também o blog Dicas de Viagem, que contém dicas bastante legais e honestas. E compartilhe suas experiências nos comentários abaixo!
Até a próxima!
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Estou vendo para viajar para lá e agradeço muito suas dicas. Inclusive, lendo sua experiência, confesso que me lembrei muito de uma viagem à Natal que tive problemas como os seus citados aqui (exploração, assédio de vendedores e etc).
Espero que sua viagem seja ótima e que você tenha uma experiência tranquila!
Eu tive experiências muito parecidas com a que você falou em Fernando de Noronha, rsrs, parece que é um “mal” comum entre pontos turísticos muito famosos. Questão de sorte. Como era minha primeira viagem a turismo, eu ainda estava muito inexperiente e caí em cilada de guia turístico que não presta, maior furada. Agora, pesquiso sempre as melhores empresas (melhor reputação) antes de viajar, para evitar em cair em cilada desses que querem fazer o turista de trouxa. Do mesmo jeito que você, as más experiências com os funcionários de turismo de Fernando de Noronha fizeram cair muito a imagem que eu tinha da ilha, não aproveitando e gostando tanto quanto deveria. Realmente é um lugar muito bonito, mas eu não voltaria novamente.
Que bom saber disso! Noronha é um destino que está na minha lista, então é melhor eu ir bem preparada! 🙂
Abraços!
bom dia! o valor da taxa a ser pago, deve ser pago no Aeroporto em Guarulhos por exemplo? é isso?
Oi Tais,
Depende se você for à San Andrés saindo direto de Guarulhos (não sei se tem essa opção). No meu caso eu saí de Cartagena, então paguei a taxa no aeroporto de lá na hora do check in.
Que pena que não aproveitaram tão bem os passeios. A ilha é linda e eu não tive problema nenhum. Acho que o que acabou prejudicando e que vocês foram abordados nas praias e toparam. A ilha conta com guias sérios que vendem passeios muito bons com toda a estrutura prometida. Eu passei 7 dias lá, e foi uma das melhores viagens da minha vida e graças a deus não passei por nada disso. Em relação a hospedagem, fiquei no hostel el viajero e foi incrivel!
Oi Erika! Super legal saber da sua experiência! Que bom que você teve uma viagem mais tranquila, é interessante a gente ver essas diferenças. Ate me animei a voltar. Quem sabe numa próxima eu não tenha mais sorte!? 😉 Um abraço!
Amei o post!! Já tinha pesquisado este destino, e li coisas bem parecidas com as quais vocês passaram… E acho muito relevante informar as pessoas!! Na verdade, eu desisti deste destino por conta desse “aproach” de vendedores tentando te sugar de tudo que é jeito, e invasivos!! Tenho pavor!! O lugar pode ser lindo, mas daí vai também do gosto de cada um, tem gente que releva certas coisas, e outras não suportam, tem que por na balança, e ver se tem mais prós do que contras… Ler muito a respeito do destino a ser visitado, como o teu blog, onde podemos encontrar verdadeiras informações!! Parabéns!!
Obrigada, Cris! Eu também não gosto nada desse assédio de vendedores, que também aconteceu MUITO em Cartagena. Mas valeu a pena para conhecer. Um beijo grande!