Com tanta informação disponível para quem quer viajar, eu hesitei bastante em criar este blog de viagens. Tenho certa aversão por coisas que são “febre” ou estão “na moda” e não gosto da ideia de ser apenas mais uma gota num oceano de gente provavelmente muito mais experiente do que eu. Mas a vida às vezes nos leva por caminhos que não compreendemos. E nessas horas, não nos resta muita alternativa a não ser abraçar as circunstâncias e tirar o melhor proveito delas. Explico.
De Cuiabá…
Sou de Cuiabá, Mato Grosso, cidade auto-proclamada centro geodésico da América do Sul. Ainda que tenha tido uma vida muito boa ali, com amigos, famílias e boas oportunidades, nunca senti que Cuiabá fosse meu lar. Minha vontade sempre foi sair de lá. Viajar, morar fora, conhecer gente estranha (como eu), aprender outros idiomas. Acho que parte disso foi pela minha criação. Meus pais sempre incentivaram a mim e a minha irmã a sermos “cidadãs do mundo”. E desde a primeira vez em que botei os pés em outro país, me senti estranhamente viva, como se ali, mundo afora, eu tivesse me encontrado.
Para…O mundo (parte 1): Inglaterra
Mas aceleremos para tempos mais recentes. Em 2015 eu tinha um emprego ótimo em Cuiabá, trabalhando para uma Relatora das Nações Unidas. Mas mesmo estando feliz e trabalhando com algo do qual eu gostava, eu sentia que faltava algo. Assim, quando o mandato da Relatoria terminou, decidi voltar ao Reino Unido (onde eu já havia morado duas vezes) para fazer meu segundo mestrado. Eu estava casada há um ano e meu marido, Douglas, concordou em embarcar nessa comigo. Nos mudamos para Londres e ali começamos uma nova fase da nossa vida (farei um post em breve com dicas para quem deseja morar no exterior).
Terminei meu mestrado na London School of Economics em 2016 e logo consegui um emprego em uma ONG em Cambridge. Lá fomos nós de novo, de mudança para outra cidade. Aliás, devo aproveitar para ressaltar aqui o quão afortunada sou pelo marido que tenho. Além de um baita parceiro, o Douglas é o melhor companheiro – de vida e de viagens – que eu poderia ter.
Meu trabalho em Cambridge tinha apenas 1 ano de duração. Terminado o contrato em 2017, Douglas e eu precisávamos decidir o que fazer. Para ser franca, minha vontade inicial era continuar no Reino Unido. Ali, sempre me senti mais em casa do que em qualquer outro lugar. Além disso, diferentemente da maioria dos blogueiros de viagens, eu sempre gostei de estabilidade. A vida e os horários fixos de um escritório não costumavam me incomodar. Mas por mais que eu tenha tentado, na ocasião não consegui outro emprego na Inglaterra. E com o custo de vida altíssimo no país era inviável permanecermos ali com apenas um de nós trabalhando. Tínhamos, então, que tomar uma decisão séria (e decisões sérias nunca são fáceis de ser tomadas; ao menos não para mim).
Eu estava muito dividida. Ter uma carreira estável e bem sucedida sempre foi meu maior objetivo de vida e por isso eu queria permanecer trabalhando na Inglaterra. Mas conseguir outro emprego lá pós-Brexit estava cada vez mais difícil. Mas, por sorte, tínhamos algumas alternativas. A primeira era voltar para o Brasil e refazer nossa vida lá. A vantagem disso era obviamente ficarmos perto da família e dos amigos, mas até então não nos sentíamos prontos para retornar. Além disso, eu não via perspectivas de emprego para alguém com meu perfil. E tampouco tinha contatos sólidos que pudessem me ajudar na minha busca profissional.
O mundo (parte 2): Espanha
Logo descartamos a ideia e optamos por outra alternativa, um sonho antigo meu: passar uma temporada na Espanha. A ideia surgiu porque o custo de vida no interior da Espanha é muito menor do que na Inglaterra. Segundo os nossos cálculos, gastaríamos cerca de 400 libras a menos por mês na Espanha e ainda teríamos a oportunidade de viver em contato com outra cultura.
Além disso, a questão do idioma também era importante para mim. Embora eu entendesse e falasse bem espanhol, não me sentia totalmente segura quanto à minha fluência. Por isso, queria fazer uma imersão para desenvolver minhas habilidades de expressão oral e escrita. E como para mim é uma tortura ficar sem trabalho, ao menos assim eu usaria esse período para me desenvolver mais. Somou-se à isso o fato de que eu havia sido convidada a escrever uma publicação para uma ONG. Então uma mudança de ambiente seria ideal para eu conseguir terminar esse trabalho.
O mundo, parte 3: por toda parte
A nossa decisão de morar na Espanha, contudo, tinha um baita obstáculo: a questão do visto do Douglas. Embora eu tenha dupla cidadania, ele não tem. E por isso há um limite de tempo em que ele pode ficar nos países da Área Schengen (farei um post mais detalhado sobre isso mais adiante). Por isso, após o nosso período na Espanha, decidimos seguir viagem e explorar mais destinos inusitados. E o plano é seguir viajando até que a gente se canse.
Mas…e o blog?
Tudo bem, você já entenderam: eu estava meio perdida, fui para a Espanha, e depois segui viagem para outros países. Mas muita gente viaja sem necessariamente criar um blog de viagens. E é aí que entra uma outra paixão que tenho: escrever. Além disso, eu costumo ficar muito, mas MUITO feliz quando consigo ajudar alguém. E um blog de viagens era a melhor maneira de unir todas essas coisas em um lugar só. Tendo já estado em mais de 30 países e passado por vários perrengues (viajando sozinha, com amigos, ou com o Douglas), eu me dei conta de que ao longo dos anos acumulei muitas dicas sobre o que fazer (e não fazer), onde ir, como economizar, como viajar sozinha, etc. E, assim, concluí que colocar essas informações à disposição de outras pessoas num blog de viagens poderia ser muito útil. Tanto para elas, quanto para mim.
Obviamente, sendo avessa à modismos, não queria fazer um blog de viagens genérico. Queria algo que tivesse o meu toque, que expressasse minha personalidade e minhas crenças. E uma das coisas em que acredito é que o mundo em que vivemos, embora muitas vezes assustador, é também incrível. E que conhecê-lo em toda a sua estranheza, complexidade e diversidade é para mim a melhor forma de viver intensa e livremente. Por isso o meu desejo com este blog de viagens é compartilhar com vocês os caminhos mais inusitados por onde passei; os países dos quais a gente mal ouve falar; os costumes que parecem mais estranhos; e a beleza de se deparar com situações, coisas e pessoas por um lado tão diferentes e por outro tão encantadoras.
Este blog, portanto, não é somente para aqueles que também amam viajar e explorar lugares desconhecidos. Eu o criei pensando também naquelas pessoas que até gostariam de viajar, mas não sabem por onde começar, e para aqueles que estão bem onde estão, mas que ainda assim gostariam de ver o mundo, mesmo que por olhos alheios.
Da minha parte, este blog é a realização de um sonho antigo. Um sonho concretizado na compilação de várias paixões em um lugar só. Por isso, se você me der a honra de seguir nesta jornada comigo, me comprometo em fazer deste um espaço sincero, repleto de informações úteis e interessantes, e regado por imagens que nos ajudem a lembrar a sorte que temos de fazer parte deste planeta.
Até a próxima!
Viajante Fora da Curva
Parabéns e sucesso!
Que notícia boa te ver realizando um sonho! É inspirador! Gracias por compartilhar um pouco mais sobre você e os lugares por onde passa! Abraços e boa viagem! <3
Obrigada, Sabrina!!! Um grande abraço!